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terça-feira, 2 de janeiro de 2018

CRIME EM PARQUE DE SALVADOR DEIXA POPULAÇÃO EM CHOQUE



Recebemos como exercício transformar a música "Domingo no Parque" de Gilberto Gil em uma reportagem:

Quem passa pela Feira de São Joaquim em Salvador não pode deixar de visitar a “barraca do Zé”, é de praxe. A barraca do José era uma das mais visitadas por quem passa pela feira baiana, era conhecido por seu carisma único e simpatia. O rei da brincadeira. José amava duas coisas: frutas e Juliana. Para sobreviver vendia frutas e para sorrir gostava de olhar Juliana passar pela feira todos os dias. Sobre as frutas, José vendia as melhores e mais doces, andava sempre com uma faca no bolso para cortar as frutas quando os clientes queriam experimentar. Já sobre Juliana nada fazia, apenas deixava o sentimento pela moça crescer. Na feira, José era rodeado de colegas de trabalho, gostava de conversar com todos, mas havia um amigo do qual gostava mais: João.
Conhecido por sua fama de encrenqueiro, João era amigo de José há muito tempo: foram criados em Liberdade, mesmo bairro da Feira de São Joaquim. Ao contrário de José, a personalidade de João era mais fechada. Por ser construtor, João era forte, introvertido, gostava de lutar capoeira em Ribeira nos domingos à tarde. Era o rei da confusão.
Na semana passada, final de semana, João mudou os planos e não foi para Ribeira, ao invés disso saiu para namorar um pouco. Em contrapartida, José não possuía muitos planos para seus finais de semana, como de costume guardou sua barraca no carro e procurou um lugar tranquilo para passear. Gostava de olhar as pessoas passando, encontrar alguns clientes e depois ir para casa descansar.
De todos os lugares em Salvador para José ir, sua escolha foi o parque perto da Boca do Rio. Estacionou o carro, pagou para entrar. Lugar muito agradável, famílias e casais rindo com a adrenalina proporcionada pelos brinquedos. Para José o melhor deles sempre foi a roda gigante, gostava de subir até o ponto mais alto dela para admirar a cidade em que cresceu, observar. “Ver o mundo lá fora”, dizia ele.   
Caminhou em direção a roda gigante e há três cabines de distância lá estava ela: Juliana. O coração de José quase pula para fora do peito. O sorriso que tanto soltava ao ver Juliana não demora a aparecer. Sua Juliana estava no parque, na mente de João centenas de diálogos começam a rondar já que o parque era perfeito para uma conversa divertida com a moça. Tudo já estava planejado, quando José avista nas mãos da moça uma rosa e um sorvete, ao lado de Juliana está João.
O amigo que José mais considerava estava com Juliana, havia dado a ela o sorvete e a rosa. A rosa e o sorvete. José começou a remoer as memórias que guardava de Juliana, todos os dias em que ela passava na feira. “Ô José”, ela sempre dizia. O sorvete e a rosa. Naquele momento essas duas coisas fizeram com que José, o brincalhão, sentisse ferido pelos espinhos da rosa e a frieza do sorvete começou a tomar seu coração. “Ô José”, a voz dela girava.
Naquele momento, José percebeu que Juliana não passara de um sonho, uma ilusão, era tarde demais. “Ô, José”, tudo girava. Seu amigo João havia traído sua confiança. “Como eu poderia ter chamado esse traíra de amigo?”, pensava. “Ô, José”, tudo, absolutamente tudo girava na mente de José. O sorvete e a rosa. A rosa e o sorvete.
Conforme o tempo passava, o girar dos pensamentos de José ficavam cada vez mais borrados com o ódio. O sorvete e a rosa, vermelho. Juliana, sua amada, o seu sorriso, seu andar, girando. João e Juliana, os dois amantes perfeitos. “Como Juliana poderia estar com João? Logo ele, encrenqueiro, má pessoa”, os pensamentos de José ficaram borrados. Vermelho. “Oi!”. A rosa e o sorvete, eram vermelhos. José sentiu-se roubado, não havia brincadeiras para aquele momento.
“Olha a faca!”, alguém gritou. Nos pés de José estavam dois corpos. Juliana estava no chão, outro corpo caído, seu amigo João. “Ê, José”, sabia que havia cometido um erro. José assassinou a mulher que mais amou; matou o seu amigo de bairro. “Ê, José, por que você fez isso? Era um cara tão bacana”, sua mente gritava. José amou de longe e feriu de perto.
A Polícia Civil da 9ª Delegacia de Polícia de Salvador chegou ao local após acionada por um cidadão que presenciou o assassinato, preso em flagrante José permaneceu imóvel, perturbado e arrependido. Na delegacia prestou queixa e o crime será tratado como crime passional, quando alguém comete crime por uma paixão. No caso também serão analisadas as circunstâncias para delimitar a pena de José e poderá ser enquadrado nos casos de feminicídio, se condenado por homicídio privilegiado, quando é praticado sob o domínio de uma compreensível emoção violenta, a pena pode variar de doze a trinta anos de reclusão.

José recomeçará sua vida na prisão, amanhã não tem construção; não tem feira; não tem mais confusão; não tem mais brincadeira, só resta agora, para José, a certeza de que apesar da simpatia, lhe falta coragem tanto para amar quanto para seguir com a sua vida, mas é preciso encontra-la, afinal, a roda gigante nunca para de girar. 

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