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Sobre Mim

Deixe-me contar algumas coisas


Um pouco sobre mim

Sou paulista, mas moro em Minas. Feminista, nerd, corinthiana, cruzeirense, torcedora do New England Patriots, ex-CLEO e criadora do portal Nerdisse. Meu objetivo é me especializar em jornalismo cultural, mas por morar sozinha faço trabalhos de designer para ajudar nas despesas.

Dizem que meu nome é Lorena Souza Gonçalves, mas só na certidão porque todo mundo me conhece por Lola. Se fosse para me descrever em uma frase diria que sou a garota que sonha alto com os pés no chão. Mas isso ainda seria muito pequeno para falar de mim. Sou determinada, não há nada que eu queira muito e não bata o pé até conseguir. Teimosa busco sempre ser a melhor versão de si mesma.

A Lola

Deepak Bhagya

Informações Pessoais

Lorena Souza Gonçalves

Aniversário: 04 de fevereiro de 1999
Telefone/Whatsapp: (17)98202-0958
Site: www.nerdisse.com
E-mail: loorenasouza@hotmail.com

RESUMO

Saiba mais sobre o meu passado


Experiência

  • 2015-2016

    Tribunal Regional Eleitoral Estagiária

    Como estagiária o principal trabalho era o atendimento ao público e ajudar na administração do cartório eleitoral incluindo manuseamento de processos, computadores e impressoras.

  • 2014-2015

    Visual Foto Estúdio Editora Fotográfica

    Responsável por editar as fotografias retiradas tanto em estúdio quanto externas e atendimento ao público

Educação

  • 2017-Atual

    Universidade do Estado de Minas Gerais Jornalismo

    Cursando o 3º Período - Matutino

  • 2014-2016

    Escola Estadual Pedro Pedrosa Ensino Médio

Habilidades eamp; Coisas sobre mim

Web Designer
100%
Photoshop
Puntual
91%
illustrator
Escritora
84%
Indesign

Portfolio

Veja o que fiz recentemente


terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Layout para o blog Literar-Te


Layout para o blog da Ariana Coimbra


Layout para o blog Arautos de Lettera


O Racismo Precisa Falar


Texto escrito para a disciplina de Contexto Nacional e Internacional usando a técnica de Story Telling:

Atenção: Antes de ler esse texto saiba que a autora não corrobora com nenhuma atitude racista, o intuito do texto é escrever como o racismo falaria, ou seja, sendo racista, mas mostrando a opinião da autora de que o racismo deve acabar pois ele machuca e mata pessoas inocentes
Eu não sei quando nasci, não há nenhuma certidão que mostre essa data. Eu não sei quem foi meu pai ou minha mãe - tenho certeza de que são brancos pois não consigo imaginar como seria ruim ser filho de negros - mas de algum modo eu estou na sociedade há muito tempo. Sempre estou em todos os lugares, eu estou em espaços públicos em que é claramente perceptível a diferença entre negros e brancos; estou em alguém chorando em algum lugar por conta de algo que ouviu a respeito de sua cor (a culpa não é minha se você é escurinho); estou em alguém que foi preso não por estar no lugar errado na hora errada ou por ser culpado por algum crime, mas por ser negro (a polícia precisa se certificar que não é mais um favelado assaltante); estou em cada um daqueles que já me sentiram na pele e também estou naqueles que dão poder para que eu seja assim. Muito prazer, meu nome é racismo.  Hoje pessoas lutam para que eu desapareça do mundo, coitados, fazem protestos, reúnem pessoas agredidas por mim e dizem que eu não sou bem-vindo, mas não faço questão de ser, foram vocês que me criaram permitindo que eu deixasse marcas por onde eu passo e por quem eu passo, mas hoje não quero falar das pessoas e sim do Brasil. Posso não parecer bem informado, mas sou, afinal já fazem décadas que estou aqui, então por que falar do Brasil? Bem, o Brasil está entre os países que mais matam no mundo de acordo com o Mapa da Violência de 2016 e parte disso recai sobre mim pois a maioria desses jovens são pretos, e caso você seja tolo o suficiente para não saber, essas pessoas são os meus alvos, resta saber o motivo pelo qual eu ainda tenho poder de ataca-las sendo que vocês já me conhecem, sabem os efeitos causados por mim e mesmo eu achando que são só brincadeiras e não entender o motivo, ainda existem pessoas que choram e morrem por minha causa. Eu sou o racismo e eu mato pessoas. O Atlas da Violência 2017 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras, elas possuem chances 23,5% maiores de serem assassinadas em relação a outras pessoas de outras raças e essa é somente a ponta do iceberg, se formos analisar a mortalidade das mulheres brasileiras de cor o índice subiu 22% enquanto a taxa de mortalidade de não-negras (brancas, amarelas e indígenas) caiu 7,4%. Eu não sei vocês, mas eu não chamaria esses dados de uma 
simples coincidência, não deveria haver tanta discrepância entre os dados se estivéssemos em um país em que a minha presença não fosse tão marcante, embora eu acredite que as mulheres brancas não vivam nas mesmas condições que as escuras e não sejam tão propícias a essas ocasiões, no Brasil as pessoas morrem por conta da cor, isso é fato. O Brasil passou por 358 anos de escravidão e talvez seja através dela que eu cheguei aqui, entretanto já se passaram 128 anos desde a sua abolição e vocês, humanos que dão o poder que eu preciso para agir, precisam assumir essa culpa pois quando perguntados vocês nunca são racistas, enquanto a verdade é que vocês usam e abusam de mim com um véu por cima, me escondem em seus discursos quase como se isso fosse atenuar os meus feitos.  Eu, racismo, já estou cansado de lidar com a tolice de vocês. Há uma diferença entre os negros e os brancos, mas foram vocês que a criaram e que me criaram. Mesmo que eu ache que os brancos são superiores já se passaram 128 anos. Pergunto novamente vocês assumem a culpa que carregam?  Se a resposta for sim espero que amanhã seja diferente, espero que você não veja um negro na rua e mude de calçada; espero que você não prenda ou mate alguém pela cor; espero que você não recuse o currículo de algum candidato a sua empresa pela cor; espero que você não humilhe a sua emprega doméstica pela sua profissão ou pela sua cor; espero que em todos os casos em que eu possa estar presente você repense, assumam a culpa. Muito prazer, meu nome é racismo.  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS WAISELFISZ, J.J. Mapa da Violência 2016: Mortes Matadas por Armas de Fogo. Rio de Janeiro, FLACSO/CEBELA, 2016. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Atlas da Violência 2017. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/2/2017>. Acesso em: 16 de outubro de 2017. 

Resenha | Rita Lee: Uma Autobiografia


Cantora. Compositora. Multi-instrumentista. Atriz. Escritora. Ativista brasileira. Rita Lee Jones de Carvalho ou simplesmente Rita Lee é tudo isso e muito mais. Da cor avermelhada aos cabelos grisalhos Rita viveu e aprendeu muito em seus 69 anos, em um livro titulado “Rita Lee: Uma Autobiografia” a paulista conta todas essas histórias com fotos inéditas de seu acervo, nós lemos todas elas e contamos para você o que achamos.
Rita Lee: Uma Autobiografia é um livro que te liberta de qualquer curiosidade sobre a rainha do rock. Escrito por ela, há relatos íntimos e loucuras compartilhadas complementadas por fotos especiais. O livro nos faz sentir amigos dela nos contando a relação com o pai, americano e frio, e como o “descongelou”, a relação de admiração com a mãe e irmãs, além de pessoas que chegaram na vida dela e fizeram parte de sua criação, como por exemplo sua babá madrinha.
Rita Lee revela um trauma irreparável quando tinha apenas 5 anos, que para sua família, justificou todos seus ajustes comportamentais. Exceto para o pai, que nunca soube do ocorrido. A vida da rainha do rock sempre foi rica de autonomia e casos polêmicos. Relatos de seus porres, drogas e o vício em cachaça, Rita afirma que defende o clichê sobre ser mais feliz em cima de um palco. Afirma que era muito mais porreta em cima dele do que na vida do lado de fora e com certeza a presença de palco dessa mulher é incomparável.
A ruiva que assumiu os grisalhos nos conta que não se arrepende de nada e nem faz “discursinhos antidrogas”, como ela mesma se refere. Não se culpa por ter entrado em muitas e se orgulha de ter saído de todas. Reconhece que suas melhores músicas foram compostas em estado alterado e as piores também. Afirma que sua geração sofreu a claustrofobia de uma ditadura e usar drogas era uma maneira de respirar ares de liberdade e diz: eram de melhor qualidade do que as malhadas de hoje que são traficadas por assassinos. 
Dona de si e de uma personalidade própria, desabafa que nunca passou pela não aceitação da idade e por isso se aposentou dos palcos não lamentando os bons tempos que não voltam mais e afirma que menos ainda tentaria exibir boa forma em público com plásticas e botoxes para se dizer viva. Rita Lee se eternizou como única e incomparável na autobiografia escrita.
Além de tudo, a biografia de Rita Lee está longe de estar em comparação com aquelas biografias que julgamos cansativas de ler. Quanto mais você descobre sobre a vida de Rita mais que saber sobre ela, é intrigante. Rita Lee não tem rodeios ou fingimento, a vida dela nem sempre foi boa e nem sempre foi ruim, e ela deixa claro ambos os momentos. Rita consegue enxergar a beleza de viver.
Rita Lee: Uma Autobiografia não apenas é um livro bom para ler, mas importante. Importante para saber sobre um contexto do nosso país vivido de perto por alguém admirável e importante para conhecer mais sobre a cantora além das músicas. Rita, a ovelha negra da família, conta para nós como essa pequena ovelha conseguiu se tornar grande. Rita Lee: Uma Autobiografia está à venda nas livrarias de todo o país e também na internet. Vá ler, uma vida dessas, bicho…

Ensaio sobre a série Stranger Things



Ensaio escrito para a matéria de Jornalismo Cultural:

Com o sucesso da primeira temporada a Netflix lançou “Stranger Things 2”, o nome veio de uma tentativa de uma continuação mais cinematográfica que televisiva para a série. Nessa temporada, a trama se passa quase um ano após os acontecimentos da anterior, a cidade de Hawkins continua com seus mistérios, dessa vez todas as abóboras das plantações apodreceram do dia para noite sem nenhuma explicação, mas com uma nuvem de moscas pairando sobre elas, a história parte desse problema inicial por estar próximo ao Dia das Bruxas e dele são desencadeados os acontecimentos dos nove episódios da série.
Respondendo às perguntas deixadas pela primeira temporada, o roteiro de Stranger Things 2 reafirma a ideia dos criadores, roteiristas e diretores, Matt e Ross Duffer, e pelo produtor-executivo e diretor Shawn Levy, de criar uma atmosfera mais cinematográfica, é possível perceber os três atos em que nos primeiros episódios os personagens reencontram-se e começam a perceber a ameaça (o Monstro das Sombras), já na metade começam a surgir os conflitos e nos dois últimos a turma de protagonistas dos anos 80 começam a trabalhar para uma resolução.
Por conta dessa sucessão de acontecimentos é possível acompanhar a série em um ritmo moderado, não são passados para o telespectador em um ritmo tão rápido aponto de atrapalhar a compreensão e nem em um ritmo tão lento que faça com que haja uma desistência, Stranger Things 2 consegue fazer com que a trama vá acontecendo de uma forma com que os personagens consigam ser mais aprofundados e desenvolvidos, mesmo aqueles recém inseridos como os irmãos Max (Sadie Sink) e Billy (Dacre Montgomery), o inteligente Bob Newby (Sean Astin) e o jornalista Murray Bauman (Brett Gelman), todos eles conseguem um espaço para crescer entre as ameaças do Mundo Invertido e os conflitos do meio mundano.
Em relação ao desenvolvimento dos personagens, podemos ver mais sobre Will Beyers (Noah Schnapp) e a sua relação com o Mundo Invertido depois de sua abdução. Nessa temporada, Will passa a ser hospedeiro para o Monstro das Sombras, por essa ligação ele passa a ser crucial para a história já que é por meio dele que diversas ligações necessárias são estabelecidas, mesmo com a exigência pelo destaque do personagem Noah Shnapp não decepcionou e mostrou uma atuação surpreendente.
Conseguimos ver também um pouco mais sobre a história da Eleven (Millie Bobby Brown), mesmo mais distante dos acontecimentos principais, a personagem está em uma jornada a parte de autoconhecimento que revelará uma importância maior no final da série mostrando como cada acontecimento, inclusive aqueles que passam uma importância menor, são necessários para a trama como o episódio exclusivo para o encontro entre Eleven e sua irmã, Kali (Linnea Berthelsen), criticados por muitos como desnecessário, mas que mostrou que o encontro das duas irmãs de laboratório era algo pelo qual Eleven precisava passar para o que aguardava a personagem no final.
Além da atenção para os personagens a série traz inúmeras referências – Caça-Fantasmas, Aliens - O Oitavo Passageiro e O Resgate, Conta Comigo, Gremlins, E.T. O Extraterreste, Os Goonies, It - A Coisa, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, A Garota de Rosa-Shocking, o Ataque dos Vermes Malditos, o Exorcista, Harry Potter, O Senhor dos Anéis – tudo planejado pelos irmãos Duffer e Shawn Levy para acrescentar a história somado ao ambiente dos anos 80 e a Guerra Fria, tento um efeito quase nostálgico sobre quem assiste.
A contribuição de Shawn Levy como produtor da série é positiva, podemos ver como a direção de Shawn contribuiu para que todos os objetivos dos criadores fossem alcançados, o diretor trouxe muitos de seus trabalhos para a série como a franquia Uma Noite no Museu, podemos ver elementos dela como a mistura dela entre a comédia e o suspense e também o modo fácil como ele trabalha com crianças que se assemelha com a sua direção em Doze é Demais, o que revela que a escolha por Levy foi muito sensata.
Combinando a direção e produção com a fotografia e trilha do filme temos um resultado surpreendente. O modo com que as câmeras trabalham misturado ao figurino e os tons avermelhados e sombrios lembra muito os filmes dos anos 80, há um suspense feito em horas especificas com uma trilha ao fundo com velhos clássicos como Cindy Lauper, The Police e The Clash que garante bons sustos durante a série. Para trazer a fantasia para a série, podemos perceber uma atenção maior ao CGI com efeitos visuais ricos em detalhes que mostra que foram muito melhor trabalhados que na primeira temporada.
Em contrapartida, ainda há perguntas deixadas pela série que esperamos que sejam respondidas na próxima temporada, ainda não sabemos onde encontra-se o vilão Dr. Martin Brenner (Matthew Modine) e não sabemos ainda o posicionamento do Dr. Owens (Paul Reiser), também resta a dúvida sobre as outras crianças do Departamento de Energia, se Kali conseguiu escapar do laboratório, talvez outras crianças também tenham conseguido. Outro personagem que nos deixa com perguntas é Steve (Joe Keery), com o desenvolvimento dele resta saber se ele estará ou não na próxima temporada, muitos esperam que sim.
De qualquer modo, a segunda temporada de Stranger Things deixa uma sensação de dever cumprido, uma série bem produzida e que mesmo sendo uma proposta nova mantém uma fidelidade as suas origens, traz bons efeitos visuais, belas tomadas abertas e um enredo que além de causar curiosidade para a próxima temporada passa uma conformidade pela forma com que terminou. A terceira temporada ainda não tem data de lançamento, mas a expectativa já está alta, só nos resta esperar.


As mortes pelo ouro: A tragédia no garimpo Paranaense



Durante a aula de Cobertura Jornalística e Redação I, o nosso professor pediu uma reportagem e as informações eram: Uma briga entre um garimpeiro e um policial, em um garimpeiro fictício em Aparecida do Norte no Pará também fictícia. Segue abaixo a minha:

Perto do amanhecer, José de Ulisses Pereira acordou, trocou e tomou o tradicional café antes de ir para o garimpo. Trabalhava a procura do ouro desde os seus oito anos quando ainda acompanhava o pai, Ulisses, no garimpo. Zé de Ulisses, como era conhecido, carregava consigo uma picareta, o nome do pai, rancor e esperança. Uma picareta para o trabalho; o nome para se orgulhar do pai; rancor pois seu pai foi morto por policiais na frente de Zé e esperança para que algum dia o garimpo fosse apenas uma lembrança.
Ainda realidade, Zé era o meia-praça do garimpo, sendo assim responsável por delegar onde os 10 garimpeiros que comandava iriam escavar. Recebia de 2 a 5% do que era escavado por seus homens, mais que os garimpeiros comandados por ele, mas não o suficiente para deixar o garimpo. Infelizmente, poucos que entram para o garimpo possuem uma chance real de sair dele. Mesmo com condições desumanas de trabalho, carga horária excessiva e rendimento de menos que um salário por mês, para muitos o garimpo é o único modo possível de trabalhar e buscar uma vida melhor.
É o caso de João Tainha, um dos homens de Zé, era um cavador, sobrevivia marretando a rocha com picaretas atrás de pepitas. É um dos trabalhos mais duros do garimpo, depende-se muito da sorte, pois não é possível saber se o barranco estava premiado ou não antes de explorá-lo. João também devia estar bem cedo no garimpo, quando chegou Zé já estava delegando onde seria o local de escavação no dia. Depois disso, todos os onze garimpeiros desceram as escadas longas até o local em que passariam o dia, era preciso muito cuidado tanto na descida quanto na subida da escada, muitos já morreram.
Próximo as 10 horas da manhã, João já estava com os pés já sujos de lama, com o suor escorrendo persistia a escavar a parede com movimentos quase que automáticos. Quando estava cansado como agora gostava de lembrar do som de sua filha rindo, o cheiro da comida da mulher que inundava a sua casa, não via nenhuma delas há anos, mas as lembranças continuavam com ele e em meio ao calor excessivo do garimpo elas se faziam mais presente. Em momentos de desespero, João permitia-se parar um pouco, algumas vezes bebia água das poças de lama do garimpo, era a única fonte de água já que a encanada ficava no refeitório junto com a comida e para ter acesso a ela era preciso subir as escadas novamente. Para João Tainha, era melhor engolir a água com terra do que morrer de desidratação.
Sob o sol latente, João Tainha olha para Zé de Ulisses que, mesmo sendo meia-praça, também escavava para conseguir mais ouro e poder ganhar mais, muitas vezes ele e Zé passavam a noite escavando para receber em troca 8 ou 10 gramas de ouro, como aconteceria essa noite, João admirava Zé, ele estava naquele trabalho desde criança. Não é um trabalho fácil, João já viu muitos companheiros de picareta morrer por diversos motivos: insolação, desidratação, queda das escadas longas, um deles chegou a ficar louco com a rotina de trabalho. João costumava dizer que “o garimpo não é para aqueles que tem coragem para escavar, é para aqueles que aceitam morrer escavando”.
Depois de recolher o ouro, João, Zé e os outros homens sobem mais uma vez para o almoço, o medo faz-se muito presente nesse momento já que as escadas não são seguras. Quando finalmente conseguem chegar ao refeitório a fila já era imensa e as mãos de João começam a arder, não era o ardor comum de quando você fica pendurado naqueles brinquedos de criança por muito tempo, era o ardor de quando colocam sal em um corte. João tinha as mãos calejadas pelo trabalho e subir 150 metros por uma escada feita de cordas e madeiras velhas faziam diversos cortes na mão de João, quando olhou para baixo só havia sangue. Em uma tentativa de parar o sangramento, João sai da fila para lavar as mãos em uma mangueira a cinco passos da fila para comer. A água faz com que os cortes ardam mais um pouco, mas com a frequência com que aquilo acontecia João Tainha já estava acostumado.
Ao retornar para fila, João é surpreendido por um policial que o agarra pelos cabelos, se os cortes já doíam, o puxão do policial apenas somou a dor. O policial conhecido como Cabo Silva, da Polícia Federal, gritava que João Tainha cortou a fila para o almoço, em protesto João gritava o contrário enquanto era puxado para o final da fila. As mãos sangravam, os pés doíam pelo sol quente, a boca seca de João implorava por água e comida, seu corpo parecia que iria cair aos pés do policial a qualquer momento, mas mesmo assim ele gritava a plenos pulmões até chegar ao final da fila.
O policial jogou João no chão ficando frente a escada onde os outros aguardavam para subir. Levantou com o resto das forças que tinha, olhou para o rosto do policial Cabo Silva e disse: “Eu não furei a fila”, tentando manter o resto de dignidade que possuía, sentia-se humilhado. Em resposta, Cabo Silva deu um soco no rosto de João. “Não é você quem decide”, foram suas palavras. Depois tudo a partir daquele momento na visão de João Tainha aconteceu muito rápido.
Vendo o companheiro de trabalho ser levado pelas mãos de um policial, Zé de Ulisses demorou para seguir os dois. As injustiças no mundo do garimpo aconteciam todos os dias, mas Zé estava cansado de ficar calado com tudo aquilo. Ficou calado quando assassinaram seu pai, permaneceu calado quando retiraram sua mãe do garimpo arrastada depois de segurar o marido até morrer, não ficaria calado ao ver o seu companheiro mais fiel apanhar por ter lavado um ferimento. Chegou a tempo de presenciar o policial socar o rosto de João Tainha, imediatamente Zé de Ulisses colocou-se entre o policial e o garimpeiro. Olhando para o rosto do policial, Zé de Ulisses o reconheceu.
Francisco Xavier Silva, o oitavo filho de uma família de dezesseis filhos, havia sido delegado para patrulhar o garimpo há menos de um ano. Cabo Silva não deixou que Zé pudesse dizer uma única palavra em defesa de João Tainha e ordenou que retornasse ao seu lugar caso não quisesse seguir o mesmo caminho que o cavador. Não foram aquelas palavras que fizeram com que a mão fechada de Zé de Ulisses golpeasse o policial, foi o empurrão que veio depois delas. Cabo Silva empurrou Zé de Ulisses e naquele momento, todo o rancor que ele guardava preso dentro de si resolveu se manifestar. A imagem do Zé menino de 9 anos, vendo o pai ser morto após aceitar o resto da marmita de outro garimpeiro para dividir com o filho encheu os olhos de Zé. A visão de sua mãe abaixada ao lado do pai ensanguentado sendo retirada a força por policiais o cegou e naquele momento Zé não via mais Cabo Silva, e sim o assassino de seu pai, naquele momento, Zé de Ulisses queria mata-lo.
Os outros policiais chegaram para apartar a briga, mas outros garimpeiros também se envolveram na confusão. Quando já haviam sangue e homens feridos, o coronel do garimpo sacou a sua arma e atirou em todos os homens na escada que estava a sua mira. Dezenas de corpos caem enquanto outros tentam se segurar com o impacto. Não havia mais luta, não havia mais confusão, todos param. Zé de Ulisses observa sua mão machucada com os socos que deu, olha em volta procurando seus homens e todos estavam parados. “Voltem ao trabalho”, disse o coronel e ninguém ousou fazer o contrário.

Ao todo 57 garimpeiros e 48 policiais foram feridos, enquanto outros 64 garimpeiros foram mortos. A maior tragédia no maior garimpo a céu aberto no mundo aconteceu ontem. Hoje o garimpo está no mesmo lugar, João Tainha, 38, continua como cavador; José de Ulisses Pereira, 42, ainda delega 10 homens, porém seis deles morreram na tragédia sendo substituídos por outros garimpeiros. Cabo Silva foi morto na tragédia, mas não pelas mãos de Zé. O garimpo ainda é uma realidade dura que machuca muitos ao redor do Brasil, em Aparecida do Norte aqueles que presenciaram a tragédia seguem suas vidas na busca de uma vida melhor, vivendo em uma vida que é mais fácil ver colegas de trabalho morrendo que o lucro do ouro. O garimpo não é para aqueles que tem coragem para escavar, é para aqueles que aceitam morrer escavando.

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